Acreditamos que é positivo desenvolver estratégias que nos deem autonomia em relação aos sistemas macro que podem realmente nos deixar na mão
Essa pergunta toca numa questão que é chave para nós. O fato é que o mundo como o conhecíamos está mudado: impossível não perceber. Primeiro a pandemia, depois a guerra na Europa nos mostram que “tudo que é sólido se desmancha no ar”, como falou um pensador.
E assim também as condições de vida da sociedade hiperconectada e globalizada vão se degradando em todo lugar, e não só nos países periféricos. O preço da energia, do gás, da comida, o acesso à saúde, educação, as condições ambientais das cidades, tudo está se deteriorando. Os ecologistas tem previsto esse cenário há décadas, e aos poucos fica óbvio que suas ideias não eram descabidas.
A triste notícia é que tudo indica que esse processo ainda vai longe, até que as situações venham a melhorar, o que só vai ocorrer a partir de uma tomada de consciência em diversas dimensões das sociedades. Vivemos uma interconexão de crises: climática, ambiental, social, política, econômica, alimentar, migratória, etc. Cada crise alimenta as outras, puxando as condições de vida do povo para baixo e gerando uma série de efeitos sinérgicos e riscos crescentes, principalmente para o povo trabalhador e para a classe média que se vê empobrecida.
Ou seja, não sabemos aonde isso vai nos levar. Por isso acreditamos que é positivo desenvolver estratégias que nos deem autonomia em relação aos sistemas macro que podem realmente nos deixar na mão.
Um exemplo muito claro: aqui no Sítio Bandeira Branca temos um sistema de aquecimento de água com duas serpentinas e cinco coletores solares. Isso nos garante que teremos água quente faça chuva ou faça sol durante todo o ano, sem depender de energia elétrica. Uma vez ficamos 11 dias sem energia por causa de um grande dano causado por temporais. Como seria se não tivéssemos esse recurso? Além disso, quanto de dinheiro isso não nos poupa, sem falar do conforto e do bem estar, já que nosso banho é muito mais gostoso e abundante do que um chuveiro elétrico, mesmo os eletrônicos.
O mais dramático é a questão da água e da alimentação. Em uma situação extrema, o que fazer se houver desabastecimento?
A autonomia e a sustentabilidade no nível micro e meso é uma questão de segurança para lidar com os efeitos das crises interconectadas que marcam nosso tempo. Elas são a essência da Escola de Sustentabilidade do Sítio Bandeira Branca: nossas atividades buscam mostrar na prática que viver com mais autonomia e simplicidade pode ser também uma boa vida.
Que bonito o texto da Camila!