Entenda como compreendemos a sustentabilidade e como buscamos utilizar esse conceito de forma prática no Sìtio Bandeira Branca.
O conceito de sustentabilidade está definitivamente na moda, mas o significado de cada uso e, principalmente, a intenção por trás desse uso difere muito. Ousamos afirmar que em mais do que metade - quiçá mais do que 7/8 – das vezes que a palavra é utilizada, o proósito é vender produtos ou serviços, e não uma preocupação genuína com o meio ambiente humano. É o que chamamos de greenwashing, limpar a barra se oferecendo como alguém consciente que está na moda.
Por outro lado, o próprio conceito de sustentabilidade é bastante abstrato, aceitando vários determinantes. Discutimos isso em outro post de nosso blog. Esse é o tema de nossa dissertação de mestrado que apresentamos à Universidade ASH, de Berlim, que você pode acessar aqui se quiser se aprofundar nesse debate (por enquanto só em versão em inglês).
Para ser direto e claro, em nossa opinião a sustentabilidade tem a ver com um modo de vida que contemple os 8 R’s que o movimento de decrescimento propõe. Além dos clássicos reutilizar, reduzir e reciclar, há também re-avaliar, reconceitualizar, re-estruturar, redistribuir e relocalizar.
É fundamental reavaliar o sistema de capitalismo de consumo que vivemos. Está mais do que claro que esse consumo desenfreado só beneficia uma minoria diminuta, ficando o ônus para a maioria da humanidade. Por isso é necessário reconceitualizar o que consideramos ser uma vida bem sucedida: será que a busca por paz de espírito e desenvolvimento espiritual não são mais importantes do que a conta bancária?
Isso supõe também que as estruturas da sociedade devem mudar, no sentido de ciclos mais curtos e mais conscientes de produção e consumo, entre muitas outras coisas. Uma distribuição mais justa do resultado do trabalho em termos sociais entra junto desse processo todo. Por fim, trazer as pessoas de volta para a dimensão local, real, geográfica é fundamental. Não há sustentabilidade alienada do meio onde a pessoa vive.
Fomentar atitudes que vão nesse sentido de uma forma prática é ao que nossa escola se propõe. Além de apresentar uma série de tecnologias relativamente simples mas efetivas nas áreas de construção, produção de alimento, empreendedorismo, etc., nossas atividades buscam unir essa reflexão teórica com aprendizados práticos em vivências, cursos, oficinas e outras atividades. Em termos pedagógicos, nos afiliamos à proposta de Paulo Freire, onde o diálogo e o crescimento conjunto em busca de uma curiosidade crítica e epistemológica está no centro do processo de aprendizagem.
Ainda acreditamos que é possível construir uma sociedade sustentável e justa, mas isso não passa por criar nichos de mercado de produtos “verdes”, e sim arregaçar as mangas, construir soluções práticas, comunicar nossas descobertas e compartilhar o conhecimento, tudo com a moldura da busca da evolução espiritual. Há esperança, mas temos que agir agora.
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